Em comunicado emitido pelo palácio, Charles, o novo rei, evoca “um momento de grande tristeza”
Após a morte da rainha Elizabeth II nesta quinta-feira (8), que foi a integrante da famÃlia real que mais passou tempo no trono, o prÃncipe Charles se tornou rei, aos 73 anos.
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Com o falecimento da rainha, Charles se tornou automaticamente o novo comandante do Palácio de Buckingham. A partir deste momento, ele adota o nome de Charles III, se tornando o rei mais velho da história do Reino Unido, com 73 anos de idade.
Em comunicado emitido pelo palácio, Charles, o novo rei, evoca “um momento de grande tristeza” e presta homenagem a “uma soberana querida e uma mãe amada”.
“A morte da minha querida mãe, Sua Majestade a Rainha, é um momento de grande tristeza para mim e para todos os membros da minha famÃlia. Choramos profundamente a perda de uma soberana e uma mãe muito querida. Sei que sua perda será sentida profundamente em todo o paÃs, os reinos e a Commonwealth [Comunidade Britânica], assim como por inúmeras pessoas em todo o mundo”, disse o rei em um comunicado.
O então prÃncipe Charles de Gales dedicou sua vida a se preparar, não sem polêmicas, para reinar, e o fará em uma idade em que seus compatriotas aposentados descansam ao sol da Andaluzia.
Aos 73 anos (nasceu em 14 de novembro de 1948), o até agora prÃncipe de Gales chegou ao trono como o monarca britânico mais velho – o segundo foi William IV, que tinha 64 anos quando se tornou rei, em 1831.
Já detentor de uma pensão de aposentadoria de pouco mais de 100 libras esterlinas – que doava a uma organização beneficente para pessoas idosas – e do passe de transporte público gratuito, Charles chega ao trono com uma reputação de ser mais intrometido politicamente que sua mãe, afeito a causas que vão da agricultura orgânica à arquitetura neoclássica, passando pela pobreza juvenil.
Terminando uma espera recorde na história da monarquia britânica, “ele poderia surpreender e usar outro de seus nomes, como fez seu bisavô em 1901”, disse à AFP Bob Morris, autor de vários livros sobre o futuro da monarquia no Reino Unido.
A sua coroação, uma cerimônia única na Europa, deverá acontecer, na melhor das hipóteses, dentro de algumas semanas, depois de passado o trauma da morte de Elizabeth II.
Ela mesma foi coroada na Abadia de Westminster em 2 de junho de 1953 diante de mais de 8.200 convidados, 16 meses depois de ser proclamada rainha.
O prÃncipe ativista
Em dezembro de 2016, Charles denunciou a ascensão do populismo e a hostilidade aos refugiados, justo no ano em que seu paÃs deixou a União Europeia e Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
“Estamos vendo a ascensão de muitos grupos populistas em todo o mundo crescentemente agressivos em relação aos que professam uma fé minoritária”.
“Tudo isso tem ecos profundamente inquietantes dos dias obscuros dos anos 1930”, sentenciou.
Seu “ativismo” deu lugar a manchetes como: “Tensão no palácio, Charles se nega a ser um rei mudo” (Sunday Times), ou “a rainha teme que o paÃs não esteja preparado para aceitar Charles e seu ativismo” (The Times).
As duas manchetes respondiam a uma biografia polêmica, “Charles: o coração de um rei” (Charles: Heart of a King), cuja autora, Catherine Mayer, apresentou um homem “sem entusiasmo” para substituir sua mãe, por medo de ter que abandonar seus interesses, e cercado de muita gente disposta a servi-lo.
Camilla, a rainha consorte
Uma campanha de relações públicas vigorosa o ajudou a virar a página de sua impopularidade no momento da morte trágica de sua ex-esposa Diana em 1997, de quem havia se divorciado, e a gerir seu novo casamento com Camilla, sua amante de toda a vida, em 2005.
Apesar de carregar o rótulo de ser a mulher por trás do divórcio, Camilla, extrovertida e risonha, terminou ganhando a simpatia da maioria dos britânicos.
Camila tornou-se automaticamente rainha consorte nesta quinta-feira (8), por desejo expresso de Elizabeth II, que disse isso durante um discurso em fevereiro de 2022 por ocasião de seus 70 anos de reinado. É o tÃtulo que sua mãe e sua avó tiveram.
No entanto, devido à trágica morte de Diana, primeira esposa de Charles, o tratamento dado a Camilla foi sensÃvel para muitos britânicos a ponto de, após se casar com ele em 2005, ela mesma decidir não assumir o tÃtulo de princesa de Gales.
Agora, o novo rei assume as rédeas de uma instituição com um papel reduzido no mundo, numa época e idade que representam um duplo desafio para este prÃncipe de personalidade singular.
Desde seus primeiros compromissos oficiais na década de 1970, o papel do prÃncipe de Gales tem sido até agora de “apoio”, recebendo dignitários, participando de jantares de Estado e viajando para uma centena de paÃses, especialmente depois que Elizabeth II ficou com a saúde mais frágil.
No entanto, este aristocrata idoso tem pouca popularidade. Seria por sua idade, sua falta de jeito ou suas paixões que à s vezes se confunde com interferência polÃtica?
Charles teve apenas 54% de opiniões favoráveis em agosto de 2021, de acordo com uma pesquisa do YouGov, muito atrás da rainha (80%), seu filho prÃncipe William (78%), sua nora Catherine (75%) e sua irmã, a Princesa Anne (65%).
Desde a morte de seu pai, Philip, em abril de 2021, e enquanto a rainha estava menos presente por motivos de saúde, Charles estreitou o cÃrculo real para sua comitiva mais próxima: Camila, William e seu irmão mais novo Edward.
Ninguém sabe como Charles Philip Arthur George vai encarnar a monarquia britânica, mas uma coisa já é certa: seus anos no trono estão contados.
