Cobrança de clientes inadimplentes: o que a lei permite (e o que pode te trazer problemas)

Por Kantor & Ceislak Advogados Associados

Lidar com a inadimplência é uma das maiores dores dos pequenos empresários. Atrasos no pagamento afetam o fluxo de caixa, geram insegurança e, muitas vezes, comprometem o crescimento do negócio. No entanto, é essencial que a cobrança seja feita com responsabilidade, dentro dos limites da lei, para evitar desgastes e até mesmo ações judiciais por parte dos devedores.

Neste artigo, orientamos como realizar cobranças eficazes e seguras, sem correr o risco de responder por abuso de direito, dano moral ou constrangimento ilegal.

O que a lei permite na cobrança?

A legislação brasileira permite que o credor cobre valores que lhe são devidos, inclusive com o auxílio de empresas especializadas, protestos em cartório e ações judiciais. Entretanto, existem regras claras sobre como isso deve ser feito:

  • Contato respeitoso e em horário comercial: O Código de Defesa do Consumidor proíbe ligações ou mensagens em horários inadequados, como à noite ou em fins de semana. O ideal é que a abordagem seja feita nos dias úteis, entre 8h e 20h.
  • Sigilo e privacidade: O cliente inadimplente não pode ser exposto publicamente. Informar colegas de trabalho, familiares ou vizinhos sobre a dívida pode gerar processos por danos morais.
  • Cobrança clara e objetiva: É importante identificar-se, explicar a origem do débito e propor formas de quitação. A negociação amigável ainda é a melhor saída para as duas partes.

O que pode te trazer problemas?

Empresários precisam estar atentos a práticas que podem parecer inofensivas, mas configuram ilegalidade ou abuso de direito:

  • Ameaças ou constrangimentos: Utilizar palavras ofensivas, ameaçar o devedor com prisão ou expor sua situação pode ser interpretado como coação.
  • Cobrança por redes sociais ou comentários públicos: Jamais utilize Instagram, WhatsApp em grupos ou outras plataformas públicas para “pressionar” o devedor. Isso caracteriza violação de privacidade.
  • Insistência excessiva: Enviar dezenas de mensagens por dia ou fazer ligações constantes também pode ser considerado assédio moral.

Essas atitudes não apenas prejudicam a reputação da empresa, como podem resultar em indenizações por dano moral, superiores ao valor da dívida em muitos casos.

Formas seguras e eficazes de cobrança

  1. Negociação direta e amigável: Sempre que possível, tente um contato cordial, oferecendo opções de parcelamento ou desconto para quitação à vista.
  2. Envio de notificação extrajudicial: Uma carta formal assinada por advogado pode surtir mais efeito e demonstrar seriedade.
  3. Protesto em cartório: Após o vencimento, títulos como boletos e duplicatas podem ser protestados, o que restringe o crédito do devedor.
  4. Inclusão nos órgãos de proteção ao crédito: SPC, Serasa e outros bancos de dados são ferramentas legais e eficazes para recuperar valores.
  5. Ação judicial de cobrança: Quando todas as tentativas amigáveis falham, o processo judicial é uma alternativa para garantir seus direitos, com penhora de bens e bloqueio de contas do devedor.

Conclusão

A inadimplência precisa ser enfrentada com estratégia e respaldo jurídico. Agir com firmeza, mas dentro da legalidade, protege seu negócio e evita prejuízos maiores. Se você é empresário e enfrenta dificuldades com cobranças, conte com a orientação de um advogado especializado para proteger seus direitos e evitar riscos legais.

Kantor & Ceislak Advogados Associados
Especialistas em Direito Cível, Trabalhista, Empresarial e Tributário.
Comprometidos com a segurança jurídica do seu negócio.

Dra. Camila Kantor é Bacharel em Direito pela Faculdade Guilherme Guimbala. Especialista em Direito Civil e em Direito Tributário pela Universidade Uninter. Especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Descomplica e Sócia no escritório Kantor & Ceislak Associados.

Dr. Walter de Freitas Ceislak é Bacharel em Direito pela Unicuritiba. Especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Legale. Pós-graduando em Direito do Consumidor e Direito do Trabalho pela Faculdade I9 Educação e Sócio no escritório Kantor & Ceislak Associados.

@kecadvogados

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