Comandando a Madrugada
São bares, mercados, hospitais , supermercados, panificadoras , academias de ginástica, escritórios, lojas de conveniência, uma lista que só faz aumentar.
Para manter essa gama de serviços funcionando, um exército de trabalhadores noturnos, realiza atividades em horários pouco convencionais, quando a maioria da população está dormindo ou se divertindo.
O fenômeno vem sendo chamado por especialistas de “sociedade 24 horas” e data do fim dos anos 90. Ele pode ser observado nas principais metrópoles do País, que importaram características do estilo de vida da sociedade norte-americana. “Essa ocupação do período noturno com atividades típicas do dia e com serviços considerados essenciais, surgiu com diversas mudanças que estão acontecendo de forma acelerada, como o fortalecimento da globalização e a difusão da internet. Está ocorrendo uma transformação cultural de tal maneira que você pode, por exemplo, decidir comprar um xampu às 4h”, explicou numa pesquisa, a doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, Lúcia Rotenberg
“Começamos a atender 24 horas por acaso , numa madrugada ficou aberta e o movimento foi bom, a partir daí virou necessidade e se ela fechar trará transtorno para alguns clientes comenta Clovis Boscardin, proprietário da Panificadora 24 horas Sabore di Panny, ele está no ramo há 30 anos, “estamos trabalhando com o numero reduzido de funcionários, por falta de mão de obra , temos capacidade de empregar mais 20 pessoas entre padeiros, confeiteiros e cozinheiros ” finaliza Clovis.
Pra quem sentir aquela vontade de uma pizza quentinha depois das 23 horas e não encontra mais nada aberto, ou seja depois da balada ou mesmo durante um plantão de trabalho, Sr Felipe Salgado da Pizzaria Água na Boca no Centro de Curitiba, garante “ aqui o cliente tem até as 5 da manhã pra pedir os mais variados sabores de pizza tanto faz nas mesas ou no disk para entrega ”.
Uma das três autoras do livro “A saúde do trabalhador na sociedade 24 horas”, Lúcia Rotenberg considera que a ocorrência do trabalho noturno é conseqüência de uma mudança das formas de comunicação em nível global. “As modificações são nas noções de tempo e espaço. A internet mudou tudo, porque as barreiras geográficas foram por água abaixo e o setor de serviços se reinventou. A tendência atual, pelo menos aqui no Brasil, é que as pessoas durmam cada vez menos e trabalhem mais, muitas delas no expediente noturno”, avalia a pesquisadora, que lida com cronobiologia (ciência que estuda os ritmos biológicos) aplicada à saúde do trabalho.
A comunidade acadêmica da qual Rotenberg faz parte se baseia em uma amostragem da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo, que calcula 8,6% da população brasileira como empregada em algum tipo de atividade comercial exercida das 22h às 5h, horário considerado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como terceiro expediente, além da manhã e tarde. O dado, no entanto, é antigo, de 1994. Órgãos como o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Ministério do Trabalho e Emprego, assim como núcleos especializados de universidades nacionais, não possuem estatísticas referentes ao número de trabalhadores no turno da madrugada.
Para o pós-doutor em economia do trabalho e relações industriais pela universidade norte-americana Winsconsin-Madison, Jorge Jatobá, um estabelecimento que abre as portas de madrugada está seguindo uma estratégia de marketing e objetivando criar fidelidade com a clientela. “Se o consumidor sabe que só alguns supermercados e farmácias abrem no terceiro expediente, ele entende que tem maior disponibilidade de fazer compras por ali e isso acaba criando referência. Convencionou-se essa diversificação de produtos, de abrir em horários diferentes para atender uma demanda de mercados que é visivelmente crescente”, explica.
Ademir Siqueira é Gestor e Sommelier, do Restaurante e Churrascaria Costelão 24 horas do Água Verde comenta “ O conceito de Costelaria já virou um mix em variedades como bar, churrascaria , restaurante, lancheria, aqui atendemos pessoas de varias idades e classes sociais , normalmente no almoço são os executivos e empresários da região , jantares são as famílias para o rodízio ou mesmo ala carte, e na madrugada os são os jovens e boêmios que mais freqüentam a casa .
Segundo o administrador Paulo Roberto Lima e sua esposa medica veterinária Dra. Rhéa Lima, do Hospital Veterinário
Sobre a procura dos atendimento 24 horas: – “Quando decidimos configurar o nosso negócio como um hospital, ao invés de uma clínica veterinária, nossa principal intenção foi criar um serviço de atendimento veterinário disponível 24 horas por dia, justamente para atender a demanda por um serviço sempre disponível, com todos os recursos para atender desde emergências e pacientes que precisam de cuidados intensivos (internamento) até aquelas pessoas que não dispõem de tempo durante o horário comercial. A diferença entre um hospital e uma clínica veterinária para o registro com os conselhos de classe regional e federal (CRMV-PR e o CFMV) é a obrigatoriedade do funcionamento 24 horas e a disponibilidade de serviços de diagnóstico e internação de pacientes, além da presença de centro cirúrgico equipado, dentro da estrutura.” Explica Paulo
“Na rotina diária o que podemos perceber é que a maioria dos atendimentos feitos durante a noite é de situações emergenciais como traumas, intoxicações ou pioras em quadros clínicos de animais com doenças crônicas. Situações essas em que o pronto atendimento e a diferença de algumas horas podem ser fatores determinantes entre a sobrevivência ou o óbito do paciente. Também são comuns casos de complicações em partos de animais (cães e gatos) quando é necessário intervir e realizar o parto por cesariana para preservar a vida dos filhotes. Por fim, também atendemos muitas pessoas que trazem seus animais para consultas rotineiras ou para vacinação, simplesmente por que não dispõem de tempo para trazê-los em outro horário. Aqui no Hospital Veterinário Pró Vita, entendemos que o cuidado da vida é algo que não pode esperar.” Finaliza Dra Rhea